Prefeitura Municipal de Cantagalo
NOTA TÉCNICA 02-2021
Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde.
Cantagalo – Paraná
Informações sobre segurança, eficácia, potenciais riscos e
benefícios das vacinas contra a Covid-19 utilizadas em Cantagalo – Paraná.
VACINAÇÃO COVID-19:
CORONAVAC E ASTRAZENECA/OXFORD
Com o início da vacinação contra o
novo coronavírus (SARS-CoV-2) no Brasil, muito provavelmente você
já deve ter procurado por informações sobre os dois imunizantes com uso
autorizado pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária):
a CoronaVac e a AstraZeneca/Oxford. Sendo assim,
separamos aqui as principais informações para que você fique bem informado
sobre esse assunto!
As vacinas são realmente eficazes e
seguras?
Em meio à pandemia do novo
coronavírus, é de se esperar que haja uma grande ansiedade pelo desenvolvimento
de uma vacina. Sendo assim, é comum haver aquela falsa sensação de que esse
imunizante esteja demorando a ser produzido, não é mesmo? Mas a espera não é
por acaso, pois a autorização da vacina deve, antes de ser aplicada, estar de
acordo com pré-requisitos que garantam a segurança e eficácia, estabelecidos
pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
No atual cenário, a busca por um
objetivo comum e o compartilhamento científico mundial permitiram, então, o
rápido desenvolvimento de uma vacina (menos de um ano). A união entre uma
tecnologia avançada, a flexibilização de algumas das etapas e os mais de 280
mil artigos publicados sobre a covid-19 foram responsáveis por esse marco na história.
A primeira vacina testável para a covid-19 já estava disponível para teste
sendo em apenas 42 dias após o início das pesquisas!
Apesar da possibilidade de produzir a
vacina a partir de vários métodos distintos, todas elas apresentam um objetivo
em comum: capacitar o sistema imunológico ao reconhecimento de um
micro-organismo e então evitar a infecção das células do nosso organismo. Mas
independentemente da tecnologia utilizada, todas devem apresentar eficácia e
segurança favoráveis para que sejam aplicadas na população em geral. E, falando
nisso, você sabe o que significam os termos “eficácia” e “segurança” quando
nos referimos às vacinas?
O que é "EFICÁCIA" de uma
vacina?
A eficácia da vacina
é traduzida como a capacidade do imunizante em conferir proteção imunológica a
um determinado agente, no caso, o vírus SARS-CoV-2. O termo é utilizado quando
falamos da fase 3 dos ensaios clínicos, ou seja, para fazer referência ao
percentual de pessoas vacinadas, nas condições controladas do estudo, que adquiriram
imunidade ao vírus.
Atenção: a eficácia diz respeito apenas ao
estudo entre os voluntários da pesquisa. O número que indica o impacto
real da vacina na população é a efetividade.
O que é "SEGURANÇA" de uma
vacina?
Quando falamos na segurança de
uma vacina, o objetivo é garantir que a vacina não traga riscos à saúde. Por
isso, a segurança da vacina é avaliada durante toda a fase clínica do estudo,
principalmente em sua primeira fase, cujo número de participantes é reduzido.
Vacina Coronavac (Sinovac Biotech)
A vacina CoronaVac,
desenvolvida pela empresa biofarmacêutica chinesa Sinovac Biotech e
produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, em São
Paulo, tem como expectativa a produção de cerca de 1 milhão de doses por dia.
Essa vacina foi testada em mais de 12 mil voluntários entre 18 e 59 anos, não
apresentou efeitos colaterais graves em nenhum deles e apenas 35% dos
voluntários apresentaram algum tipo de reação adversa, porém todas elas
classificadas como em grau leve, como dor local e febre baixa.
Você sabia?
O Instituto Butantan é uma
instituição pública responsável por produzir outras vacinas já presentes no
nosso Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde. Além da
atual CoronaVac, em parceria com a SinoVac Biotech, ela também produz a vacina
anual contra gripe, hepatite A, hepatite B, HPV, tríplice bacteriana e a vacina
antirrábica.
Como essa vacina atua no
organismo?
A CoronaVac foi
criada por meio de uma tecnologia molecular já muito utilizada em outros
imunizantes. Assim como nas vacinas da gripe, poliomielite, hepatite e da
meningite, ela é composta por vírus inativado, ou popularmente como
“vírus morto”. As partes do novo coronavírus presentes na vacina são
apenas aquelas que permitem o reconhecimento do vírus pelo nosso sistema imune
e não pela sua parte responsável por causar a doença. Sendo assim, a produção
do imunizante consiste em inativar o coronavírus, de maneira que fique incapaz
de se multiplicar e transmitir a doença, pois torna-se incapaz de infectar as células
humanas.
Assim que a vacina for aplicada,
células de defesa do nosso organismo encontram e respondem a essas partes do
coronavírus, dando início à produção de anticorpos. No entanto,
esse processo demanda um certo tempo até que o organismo fique
protegido contra o coronavírus. Além disso, outro aspecto fundamental é a
necessidade da dose de reforço, que ajusta a quantidade de
anticorpos àquela necessária para uma resposta eficiente contra uma possível
infecção contra o coronavírus. Por isso, o esquema de vacinação é composto
por duas doses, do mesmo laboratório, com intervalo entre 2 a 4 semanas
entre as aplicações.
A vacinação está indicada somente às
pessoas a partir de 18 anos e, após a aplicação de cada uma
das doses da vacina deve-se evitar a doação de sangue por 2 dias (48
horas).
ATENÇÃO: mesmo com o esquema vacinal completo
(2 doses) contra o coronavírus, deve-se manter os cuidados referentes à
prevenção da doença.
Outros dados sobre essa
vacina
A eficácia geral apresentada
pelo Instituto Butantan para a CoronaVac nos testes brasileiros foi de 50,38%,
o que pode parecer baixo em primeiro momento, mas que traz ótimos resultados
quando detalhados: a vacina mostrou-se 100% eficaz nos casos moderados
e graves e 78% eficaz nos casos leves da covid-19. Ou seja, a aplicação da
vacina, quando feita adequadamente em duas doses, tem grande potencial de
redução do número de internações pela doença.
Importante: os estudos demonstraram 100% de
eficácia na redução dos casos moderados e graves da covid-19 apenas na
população do estudo, mas não garante, necessariamente, uma eficácia de 100%
em toda a população que receber a vacina. Por isso, quando uma pesquisa busca
por voluntários ela objetiva simular uma amostra da população que represente
sua totalidade. Apesar de não existir a garantia de uma efetividade de 100% da
vacina, a eficácia de 100% nos estudos feitos em uma amostra populacional,
quanto mais próxima da realidade (número, idade, fatores genéticos e
ambientais), maior a tendência em aproximar os resultados dos ensaios clínicos
da população como um todo.
Vacina AstraZeneca/Oxford
Essa vacina foi desenvolvida
pelo grupo farmacêutico britânico AstraZeneca, em parceria com
a Universidade de Oxford. Apesar da autorização e transferência da
tecnologia à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, os
imunizantes a serem utilizados no Brasil, em breve, prevê uma possível
importação de duas milhões de doses trazidas da Índia.
Como essa vacina atua no organismo?
A vacina britânica Oxford-Astrazeneca utiliza
uma tecnologia biomolecular baseada no chamado “vetor viral”, que
consiste na utilização de um vírus modificado para estimular o sistema
imunológico na produção de anticorpos contra o novo coronavírus. Na fabricação
da vacina, uma espécie de vírus enfraquecido (adenovírus ChAdOx1),
conhecido por causar gripe comum em chimpanzés, após ser modificado para não se
multiplicar, carrega parte do material genético do SARS-CoV-2 responsável pela
produção de uma proteína (“Spike”) que auxilia o vírus da COVID-19 a
invadir as células humanas. Assim, após a vacinação, o adenovírus começa a
produzir essa proteína Spike, ensinando o sistema imunológico humano que toda
partícula com essa proteína deve ser destruída. Assim, após a imunização
adequada (2 doses do mesmo fabricante e com intervalo de 12 semanas entre as
aplicações) o sistema imune do nosso organismo torna-se capaz de reconhecer
e atacar rapidamente o coronavírus, caso seja infectado.
A vacinação está indicada somente às
pessoas a partir de 18 anos e, após a aplicação de cada uma das doses da vacina
deve-se evitar a doação de sangue por 7 dias.
ATENÇÃO: mesmo com o esquema vacinal
completo (2 doses) contra o coronavírus, deve-se manter os cuidados referentes
à prevenção da doença.
Outros dados sobre a vacina
A eficácia geral apresentada
pela AstraZeneca para a vacina nos testes foi de cerca de 70% (entre
62% e 90%), após a aplicação das duas doses. Sendo assim, apresentou resultado
satisfatório (acima dos 50% exigidos pela ANVISA) e também tem grande potencial
de redução do número de internações pela doença, o que promete reduzir
consideravelmente a taxa de ocupação do Sistema Único de Saúde.
Vacina Pfizer/BioNTech
Essa vacina foi desenvolvida em
parceria com a BioNTech, a Pfizer desenvolveu e testou uma vacina à base de
mRNA* para combater o vírus SARS-CoV-2. Os resultados promissores fizeram com
que as companhias buscassem, desde novembro de 2020, a submissão contínua ou
uso emergencial junto a diversos órgãos regulatórios.
Como essa vacina atua no
organismo?
A vacina é baseada em mRNA, que usa
RNA mensageiro sintético, que auxilia o organismo do indivíduo a gerar
anticorpos contra o vírus. Pode ser desenvolvida e fabricada mais rapidamente
do que as vacinas tradicionais. A Pfizer selecionou essa tecnologia de vacina
baseada em mRNA devido ao seu potencial de alta resposta, segurança e
capacidade de rápida produção. A tecnologia de mRNA pode ainda ser estratégica
para cenários de pandemias e epidemias devido à agilidade em modificação do
antígeno codificado caso necessário, bem como a potencialidade de realização de
doses de reforço. A técnica, na qual apenas um pedaço de material genético é
usado em vez de todo o vírus, nunca havia sido feita antes.
Quais as características dessa
tecnologia?
A vacina da Pfizer e da BioNTech
contra a COVID-19 é baseada no RNA mensageiro, ou mRNA, que ajuda o organismo a
gerar a imunidade contra o coronavírus, especificamente o vírus SARS-CoV-2. A
ideia é que o mRNA sintético dê as instruções ao organismo para a produção de
proteínas encontradas na superfície do vírus. Uma vez produzidas no organismo,
essas proteínas (ou antígenos) estimulam a resposta do sistema imune
resultando, assim, potencialmente em proteção para o indivíduo que recebeu a
vacina.
Outros dados sobre a vacina
A eficácia geral da
vacina contra a COVID-19 foi de 95%, com esquema de duas doses, num intervalo
de 21 dias entre as doses. Os dados demonstraram também que a vacina foi bem
tolerada, sendo que nenhuma preocupação séria de segurança foi observada.
Vacina Janssen
Essa vacina foi produzida pela
Janssen, divisão farmacêutica da Johnson & Johnson
Como essa vacina atua no
organismo?
De forma semelhante à vacina da
Aztrazeneca/Oxford, a vacina produzida pela Janssen (Ad26.COV2.S) é uma vacina
recombinante de vetor viral, utilizando adenovírus humano não replicante que
expressa a proteína S do SARS-CoV-2.
Como os demais imunizantes, não há
contraindicação para sua aplicação em indivíduos imunossuprimidos, embora não
haja estudos sobre sua eficácia nessa população. A grande diferença para as
outras vacinas até então aprovadas no país é que sua administração é em dose
única, o que poderia tornar o processo de imunização em massa mais ágil.
Outros dados sobre a vacina
Os resultados de eficácia encontrados
foram:
- Para proteção contra doença
moderada a grave/crítica, a eficácia foi de 66,9% (IC 95% = 59 – 73,4%) no
mínimo 14 dias depois da administração da dose e de 66,1% (IC 95% = 55 – 74,8%)
no mínimo 28 dias após a dose.
- Para doença grave/crítica, a
eficácia foi de 76,7% (IC 95% = 54,6 – 89,1%) após 14 dias e de 85,4% (IC 95% =
54,2 – 96,9%) após 28 dias. Em uma análise post hoc (não
planejada no desenho original do estudo), a eficácia foi de 92,4% após 42 dias.
- A eficácia contra necessidade de
intervenção médica variou de 75% a 100%.
- Para hospitalização, a eficácia foi
de 93,1% (IC 95% = 72,7 – 99,2%) após 14 dias e de 100% (IC 95% = 74,3 – 100%)
após 28 dias.
- Não foram reportadas mortes
relacionadas a Covid-19 no grupo vacinado, enquanto houve cinco mortes pela
doença no grupo placebo.
Afinal, vale a pena se vacinar?
Atualmente, nenhuma vacina
apresentou 100% de eficácia, não somente contra a covid-19 mas contra
qualquer outra doença até hoje. Apesar da eficácia alta ocorrer somente quando
o imunizante supera os 90% nos ensaios clínicos, uma eficácia superior a 50%
(percentual de corte para a ANVISA) já é suficiente para o controle da atual
pandemia. Além disso, sempre com a garantia da segurança de sua aplicação,
então fique tranquilo pois todas as vacinas aprovadas são seguras!
Portanto, muito mais importante do
que saber a eficácia de cada uma das vacinas contra a covid-19 é buscar a
conscientização sobre a importância em estar vacinado. Quanto maior o número de
pessoas vacinadas, melhores serão os resultados no combate à pandemia. E, tal
como indicam os diversos estudos sobre a eficácia e a eficiência da
vacina, nem todos aqueles que recebem a vacina acabam se tornando imunes à
doença, mas quanto maior o número de pessoas imunizadas mais a população fica
protegida. Portanto, tomar ou não uma vacina não é uma decisão que afeta
exclusivamente a pessoa com esta decisão, ela interfere também na saúde de
todos aqueles com quem convive. Por isso, a vacinação não é simplesmente uma
questão de opinião, mas de conscientização social e saúde pública.
Quer entender melhor os termos e
conceitos sobre o novo coronavírus e a pandemia de covid-19? Acesse o
nosso Dicionário
"Para Entender a Pandemia"!
Fonte:
https://coronavirus.saude.mg.gov.br/blog/229-vacinacao-coronavac-astrazeneca-oxford
Última modificação em 01/07/2021
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João Konjunski